29 março 2011

A precariedade e as mulheres

O trabalho precário é hoje um problema transversal a toda a sociedade e afecta grandemente as mulheres. Actualmente as mulheres são cerca de 52% do total de desempregados. As mulheres trabalhadoras recebem, em média, menos 19% dos salários dos homens. No mundo do trabalho a discriminação é dupla e recaí sobre o tipo de profissão exercida e sobre o salário auferido.
Habitualmente o trabalho feminino é trabalho a tempo parcial ou com contratos de curto prazo, com horas flexíveis e horas extra não pagas. A subalternização das mulheres no mercado laboral e a sua sub-representação nas funções de chefia e de direcção torna-as as primeiras vítimas da precariedade, da flexibilização e da desregulamentação do mercado de trabalho.


A precariedade atinge as mulheres de forma mais gravosa também na esfera doméstica onde a sobrecarga com as tarefas domésticas e o cuidado dos filhos continua a recair maioritariamente sobre as mulheres. Quer se encontrarem quer não inseridas no mercado de trabalho, as mulheres continuam a assegurar as tarefas domésticas e do cuidar, realizando em média mais 17 horas semanais de trabalho não remunerado do que os seus pares masculinos.
A privatização dos serviços públicos e o corte nos gastos públicos em saúde, educação e serviços de cuidado de crianças são outros factores que contribuem para a precariedade das mulheres que se vêem forçadas a aceitar trabalho em tempo parcial e mal remunerado para conciliar o orçamento e a vida familiar.

A actual crise prejudica em primeiro lugar as mulheres e em particular as mulheres mais jovens e mais qualificadas que à partida não encontram oportunidades para garantir a sua independência económica. Esta situação é particularmente gravosa porque coloca as mulheres numa situação de maior fragilidade, potencia a sua exploração e adia a possibilidade de emancipação. A falta de oportunidades e a consequente falta de autonomia financeira coloca muitas jovens numa situação em que ou se mantêm na dependência dos pais ou passam para a dependência de um parceiro, sendo em ambas o adiar da realização profissional e um retorno forçado ao lar que é um retrocesso social brutal, um retrocesso na capacidade de intervenção política e social das mulheres. Este retrocesso periga não só a manutenção dos direitos das mulheres como enfraquece o conjunto das lutas anti-capitalistas e de defesa do estado social.

É preciso ir à luta e para isso todos e todas são necessários.
A participação da mulheres no Mayday é um passo importante para o combate à precariedade e para a conquista de direitos.
Todos e todas fazemos soar o alarme: Mayday!

Ana Cansado

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